Sobre
Sah Pereira, carioca nascida em 1980, é uma multiartista cuja trajetória combina uma sólida formação acadêmica e uma rica experiência autodidata. Prefere se autodenominar poeta visual em vez de artista, pois entende sua prática como uma confluência entre a artesania, o design e a criação artística.
Também pesquisadora, Sah explora a arte em sentido amplo, com incursões pela antropologia visual e cultural. Seu contato com técnicas de desenho e pintura começou na infância, inspirado pela mãe, que trabalhava como desenhista — atividade hoje relacionada ao design de produto/visual. Desde cedo, o desenho fez parte de sua vida, com participações em exposições infantis e oficinas ministradas por Daniel Azulay e Ziraldo, no Rio de Janeiro.
Na década de 1990, iniciou formações específicas em desenho artístico e fotografia analógica, sempre ampliando seu repertório técnico e buscando novas formas de expressão. A escultura, por exemplo, começou como uma prática autodidata. Na vida adulta, houve um período de afastamento da produção artística, mas em 2013 Sah retomou sua prática ao voltar a desenhar. Nesse mesmo ano, mudou-se para Brasília e, no ano seguinte, ingressou no mestrado em Artes na UnB.
Nos últimos 11 anos, entre mestrado e doutorado, Sah dedicou-se a experimentar a arte em sua totalidade, unindo teoria e prática. Sua produção poética explora materialidades, técnicas e linguagens de forma aberta, permitindo experimentações que refletem suas vivências. Suas obras vão desde instalações urbanas, como esculturas em land Art, até esculturas de papel, combinando técnicas de papel machê e cerâmica. A fotografia tornou-se uma ferramenta de registro autoetnográfico.
Nos últimos tempos, Sah tem se aprofundado nas técnicas de gravura. Começou na gravura pela técnica de esculpir na matriz e experimentou diferentes superfícies como matrizes não limitando-se a madeira, e explorando outras materialidades. Na busca de expandir as técnicas de gravura, encontrou na serigrafia uma linguagem que lhe permite construir um diálogo estético de suas investigações sobre traços, texturas e contrastes. Sua prática artística é guiada em parte por seu interesse exploratório entre técnicas e linguagens de modo que dialogue com o que a afeta — com paisagens, subjetividades e contextos que a atravessam — sempre ancorado na experimentação.
Cada obra é uma resposta sensível ao seus afetos, sob o desejo que transborde de forma aberta para ser ressignificado por novos olhares. Assim, sua arte reflete uma constante interação entre o que sente, observa e transforma, expressando traços, texturas, cores e contrastes que carregam o que Sah considera um dialogismo estético.